domingo, 29 de julho de 2007

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“... Minhas mãos tentam falar. Transportar meu coração ao entendimento. Tão confusa de momento é a razão, tão profundo e tão intenso o sentimento. Se rebusca e obtusa, faz incerta a palavra. Tenho pressa, tenho a cura. A loucura já confessa, saberá só quem me abra. Eu busco em sons compartilhar, quero sentir, quero tocar, quero contar minha emoção à imensidão sem me bastar. E se me entrego em letra e som, em escrever, tocar, cantar, sentir em precisão até o ar a me tocar... Que a vida dê o tom para que eu o possa expressar...”

Em um dia frio...

“... Nenhum tempo, nenhum lugar. Vivemos em universos paralelos. Nenhum vento, nenhum olhar. Mantemos presos em versos nossos elos. Palavras que formaram poesias. Poemas construindo utopias... Os sonhos se esfacelam com os anos, mas um dia é eternidade para insanos. Conservaste aquela brisa de verão? A lembrança do calor da minha mão? Nenhum só dia esqueci o teu olhar. Nenhum só dia esqueci a tua imensidão. Busco em todos meus momentos um pedaço da emoção e daquele sentimento, te abraçar em frente ao mar...”

segunda-feira, 23 de julho de 2007

"... Teu cheiro jaz no meu corpo agora... Teu corpo marcou minha pele. Na tua pele fiquei sem demora. Paixão que me mate e me vele! Me amaste com loucura santa. Resaste meu terço, meus quartos... No abraço, em sonhos, já fartos, me procura e me levanta! Em um só compasso extasiamos, incontáveis vezes num só dia. Encontramos toda a alegria. Na fantasia que á nos mesmos inventamos ..."

Vazia

Um vazio me aperta o peito. Sedento de esperança. Me tira a criança. Me faz sentir sem jeito. Silêncio não é harmonia. A falta de sonhos me cansa. Ser livre sem ter confiança. Infeliz e mostrar alegria. Me chama o futuro insensato. Pão , instrução, companhia... Mesa, classe, cama. Sem paixão me falha a poesia. E levo minha barca em calmaria. A tristeza , na lembrança que um dia, se fez explosão em minha alma, que agora parece vazia.
Mato a saudade de abraços... Noutros braços me escondo. Rostos, nomes eu faço. Me permito me opondo. Tua pele virou brisa. Teu sorriso vaga lembrança. Da tua presença não tenho esperança. Deixei meu coração na tua divisa. Tive tempos de guerra e paz. Medo, desespero e agonia. Na tua falta fiz poesia. Na tua presença fui audáz. Das promessas vazias que teus olhos contavam me despi! Com a cabeça nos ombros da solidão muito eu dormi... Me deixo para não deixar. Permito, para não permitir. Sozinha consigo me achar. Sem laços te faço existir...

Nenhuma brisa...

"Nenhuma brisa... apenas um imenso frio. O vento corta meus sonhos em pedaços congelados, varridos pela rua, se perdendo sobre o nevoeiro... Esse frio trinca meu coração e derrubado ao chão se estilhaça impiedosamente. Olho para os cacos pela última vez, nessa rua sombria, ainda carrego minha alma arrebentada nos braços... braços cansados... que só se mantêm fortes pela lembrança de que um dia, descansaram nos teus."

Pobreza

Estou farta da pobreza humana e da minha própria pobreza. Mesmo sendo um ser alienígena infiltrado, me escondo entre os meus próprios escombros todos os dias. O sol me obriga á sair e lutar por comida sejam da alma, do corpo ou do coração. Procuro-me perdendo aos poucos. Distribuo-me e me retenho. Desconsidero meus medos mais profundos em busca de alguma luz, nem que seja pra fazer uma mera sombra que me identifique nessa imensidão escura, existência. Busco-me nos subterrâneos alheios, na colheita do visinho, visando o meu abastecer. Essa é minha pobreza á ser dividida com o próximo. Não queria mil, queria um. Não procuro rótulos, quero ver o fundo da garrafa. Se me escondo é por esperar que alguém queira ver o que tem realmente em mim por que o resto, esse há de passar com os anos. Esta parte carnosa da fruta eu divido. Não me importo em esquecer minhas religações, meus contratempos com a saúde, com o próprio tempo se escassando. Não me importo com o passado, nem com o futuro batendo em minha porta daqui á alguns minutos. Quero telefonemas desesperados, buzinaços na rua, gritos na multidão. Quero teu braço ao despertar e teu corpo de café da manhã. Quero abraços infinitos e suspiros no jantar. A espera no portão, flores pra te receber. Não compro imagens, apenas sentimentos hora tão vãos, outrora tão intensos. Me deixa apaixonar! Me deixa mostrar onde eu posso te guiar. Se o lugar for ruim, te deixo partir. Quero abrir os braços e te acolher quando precisar e na mais intensa chuva desfalecer no teu peito como se fosse canção pra me ninar. Um pouco do teu carinho, me dá a tua mão pra eu enlaçar meus dedos. Deixa eu te seguir, olhar teu rosto na luz do dia amanhecendo? Apertar-te contra o meu corpo sem preguiça de te amar. Deixa-me te provar que quando fecha os olhos ainda estou contigo. Se eu pudesse te manter nos meus anseios, nas minhas músicas e nos meus braços, não haveria mais dúvidas e lamentações. As noites seriam quentes e os dias seriam luminosos. Toda chuva seria refrescante e as nuvens seriam como camas para os anjos. Não haveria mais pobreza na minha alma, ela estaria repleta do amor que iria florescer do teu carinho, do apego, da felicidade premiada pelos teus sorrisos. Quando o amor não for uma refeição, mas uma grande ceia então terá a audácia de comer sem culpa, sem medo. Falta-me tua contemplação. Não há riqueza no pouco, porque pouco nunca será o que se precisa, só sobra que não hão de alimentar ninguém. Dá-me tudo de ti, e eu guardarei em urna de ouro. Completa-me a alma que Platão já dissera dividida! Não terá arrependimento. E eu não cansarei da riqueza, dividiria ela com o mundo.

Estrada

Vou andar por caminhos insones, aparentemente vagos. Cheia da minha alma, me procuro em multidões vazias. Não, não estou sozinha, apenas solitária. Parto para uma jornada sem rumo certo, sem escolher a estrada. Por muitos anos vaguei pelas estradas de outrem, por caminhos infundados, por vastos campos não semeados. Quero a alegria das flores. Acredito que todos possam sentir seus perfumes, por isso, vou contra o vento sem escolher os caminhos. Quero que eles me escolham agora. Da alma a incerteza, do coração o inesperado, do mundo que nunca senti meu, dos pés que agora descalços vagam pela própria sorte. Se esta é a direção certa, não sei. De que saberia um ser sem pátria?Sem porto, sem partida? Onde se esconderam a felicidade e o destino? Agora a busca será mais lenta; pois; sem rumo se tornou estada, não estrada.

Apenas um lugar...

Se existe um lugar entre a razão e a consciência, procuro-o desesperadamente nas minhas noites em claro. As muitas escolhas que me traz a vida, as promessas não cumpridas de outrem, os arrependimentos, os lamentos da alma. Perpetuam as duvidas sobre a confiança e o respeito ao ser próximo, aquele que nos afaga e nos bate em seqüência, que se mantêm inerte e inquieta o pensamento, e todas as outras duvidam filosóficas inerentes as paixões. Por que nos corta como faca o semblante, porque nos fere a alma dessa forma pouco sutil e desesperada?Não á nenhuma razão que nos leva a dor consciente e física.Talvez seja apenas o ego,esse,quando ferido nos gera protestos emocionais sem cabimento.Entenda-se,compreenda-se,aprenda-se. Nada pior que a ignorância íntima, que o apego ao exterior e o desapego a imensidão do coração. Que caibam mundos e universos nesse espaço sagrado. Que não se cale a dúvida, que não se percam os momentos, mesmo que sombrios, do sentimento humano. E esse mundo mágico criado por nós mesmos, sem tempo, sem ruas, sem portas; desaba sobre nossa vida cotidiana quando o coração está enfermo. Esse, que é mais lívido que a água, mais leve que uma pluma e mais pesado que uma grande montanha cria teorias, constrói de massa petrificada nosso pão, nosso teto. Que se dê asas ao coração. Que se jogue de cabeça aos amores, sejam eles fúteis, afáveis, plácidos ou explosivos, eternos ou folgasses, sólidos ou sonhadores. Não importa a procedência, a credibilidade, a viabilidade. Coragem no destino, força na luta, esperança. Sentimentos e sensações mantenham-se vivos, por favor.

A vida

O que mais belo na vida que andar de pés descalços na chuva? Do que manter as mãos inquietas enquanto se aproxima o ser amado? A leveza do vôo de uma ave branca pairando sobre o mar ao alvorecer? Quando esquecemo-nos de entregar os olhos da imaginação ás mãos de Deus nos dias simples, nas madrugadas complexas, somos apenas carne e ossos sonhando com uma alma. Não há uma motivação sem o credo, sem a esperança. Que se rasgue o peito de amores; sejam eles sutis, fervorosos, calados, impacientes. Que se faça o sol no raiar de um novo dia a fonte inspiradora de toda graça e música aos ouvidos dos anjos que perpetuam em nossa morada. Nos motivos do mundo não restam paz ou conforto, então façamos o seguinte: Pedimos e concretizamos sobre o suor de nossos rostos cansados e sonhamos e deleitamo-nos quando pudermos fechamos nossos olhos sob nossos travesseiros. Sejamos mais brandos com nossos próprios desafios enquanto estamos no correr da luta. A paz é um objeto em uma prateleira de ouro. Podemos admirá-la, mas para tocá-la temos que transpassar o vidro frio em nossos pensamentos, tocando-a em nossa imaginação, construindo momentos atemporais no fio que nos une, céu e terra,corpo e alma. Da indagação do ser supremo veio a luz ao homem e se fez a criação deste sonho estranho e enigmático que nos rodeia. Como pode ao ser perguntar por que existe se simplesmente existe. A beleza do simples é a mais admirável poesia, não uma perturbação. Só o homem com seus olhos incrédulos e sua busca profunda pode se atrever a deslumbrá-la em fantasia. Então que seja eterna, forte, vibrante, intensa. Nos seus mais distantes caminhos existem sempre as explicações de um mapa divino e individual. Que não se canse a busca, nem os olhos á beleza, nem o corpo á batalha. Que não se esconda a tristeza, nem o deleite da felicidade ao ser irmão e ao olhar divino. Deus nos propôs a divisão de sentimentos. A vida nada mais é que uma diversão dentre a eternidade, um sonho bom que Deus nos propôs e que, acordados ou não, ele nos unge diariamente com seu equilíbrio e sensatez, mesmo nos momentos mais inconcebíveis. Viemos á este mundo para ver o inesperado, o inacreditável, a realização do inconcebível. Aproveite a estada, e tenha um bom dia. Lena Hoffmann
Outrora calma trazia. Agora o som me agonia. Não me permito confiança, Nem amor à palavra vazia. Erguendo entre escombros, Peças retrógradas aos ombros, Espessos blocos de saudade. Trás épocas, sentimentos, idades, Encontro calada a imagem, Cansada no espelho espera, Das chuvas de primavera, Na janela eu vejo a passagem. E as gotas presas choram, Como sentimentos que não passam, Mas com o peso do tempo se abraçam, Se desfaçam, no meu peito não moram... Espero pelo espelho que conta o novo. Pelos ombros livres,vazios em movimento. Pela palavra que acompanha o sentimento. Mas por agora não choro, chovo.